quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

ADÃO E EVA, O PECADO E A IMATURIDADE DO SÉCULO XXI



       A maioria das pessoas  não procuram a raiz  e a causa das coisas, sejam elas conflitos, ensinos, doutrinas e dogmas; diante disso  tornam-se ingênuos e presas fáceis  diante de situações que exigem delas uma capacidade crítica  e uma maturidade adquirida através de investigações  daquilo que lhes chegam com formato de verdade e conhecimento pronto como respostas a seus  anseios, respostas estas que lhes dariam as chaves para a liberdade porém escondidas entre as raízes do conhecimento não buscada por estes ingênuos humanos. O que  faz ainda em pleno século XXI pessoas as quais julgamos intelectuais acreditar na historinha pregada na idade média para coagir pessoas a não usufruírem da sua liberdade  sexual de forma madura e consciente pautada na responsabilidade pessoal e não no medo de um "pecado original" ou de um "demônio" que se esconde dentro de uma serpente maligna que oferece uma maçã a uma mulher que dela comendo passa a usufruir do sexo como forma de pecado e desobediência a um  Deus castrador?   Em que tempo vivemos? Será que os meios de  comunicação não são suficientes para desvendar as "raízes" as "causas" e as "origens" das coisas que precisamos para  libertar a humanidade da ingenuidade?   Ainda vamos continuar acreditando na "maçã envenenada pelo mal?    Creio que não somos mais crianças e que o tempo em que vivemos já amadureceu e não se admite mais este tipo de infantilidade e  "ensinamento".

      Um orientador e professor da história e da cultura judaica  trás-nos a verdadeira interpretação  da história de Adão e Eva;  história pertencente ao povo   povo hebreu e a sua cultura,  e eles é quem tem a interpretação de sua própria história pois somente o escritor de um livro é dado o direito de falar sobre  sua veracidade, portanto cabe aos judeus a raiz da verdadeira interpretação desta história.

      Alberto Bentzion, judeu, tecnólogo, pesquisador e orientador de grupos de estudos da Torah,  trás-nos a visão deste povo em relação a história de Adão e Eva. 

    - Houve mesmo algum pecado?
     -Havia mesmo alguma maçã?
     -Havia mesmo uma serpente endemoniada?


      Vamos ler?

Diz Alberto Bantzion:


    "Ao “criar” o homem, o TODO PODEROSO o criou com “capacidades morais” isto é com consciência. Juntamente com a sua consciência, o homem recebeu a “responsabilidade e a liberdade” podendo assim, existir como entidade individual. Para legislar sobre isso, D’us instituiu normas morais, e ordenou-as ao primeiro homem, Adam, o primeiro. Estas revelações, à princípio, deveriam apenas ser “transmitidas por Adam” aos seus descendentes e, de fato, até a época anterior a revelação do Sinai, eram preservadas exclusivamente pela “Tradição”, dos hebreus”. A falha de Adam em cumprir esta obrigação (de viver o exemplo da Tradição) levou seus descendentes a errarem mais e mais na sua conduta, e mais tarde o “dever” de “guardar” o registro deste conhecimento, ficou a cargo do Povo de Israel. Esse é um dos “motivos” pelo qual D’us revelou a Moshê (Moisés) o Livro de Bereshit (Gênesis), isto é, para ensinar “quais foram as sequências de erros contra a Lei Divina - o Pacto Universal - que culminaram na destruição de toda a humanidade nos tempos antigos”. Assim ficou estabelecido com princípio da Torá que D'us pune os que transgridem Seus Mandamentos. A estas Leis denominam-se no seio do povo de Israel: “7 Leis de Noah”, pelo fato dele (Noah) ter sido instituído “Patriarca da Humanidade” em lugar de Adam. Mas também são intituladas “Leis do Pacto Universal”, por serem obrigatórias à todos os povos do mundo. Assim, ao estudarmos os pecados registrados em Bereshit, aprendemos que 7 foram as violações, desde Adam, até a época do dilúvio, e são elas:

1. Aprendemos sobre não cometer Blasfêmia em( Bereshit. (GÊNESIS) 3:1-3
והנחשׁ היה ערום מכל חית השׂדה אשׁר עשׂה יהוה אלהים ויאמר אל־האשׁה אף כי־אמר אלהים לא תאכלו מכל עץ הגן׃
Ora, a Nahásh (serpente) era o mais astuto de todos os animais do campo, que o ETERNO Elokim tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Elokim disse: Não comereis de toda árvore do jardim?
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Aqui a Escritura está nos exemplificando por meio deste Midrásh (vide Sefer More Nevuchim Livro II, 30 - do Rambam) que o instinto do humano (representado pela Nahásh) seduziu Havá (Eva) a pensar em “modificar” o significado do Mandamento dado por D’us, e deste modo ela “blasfema” contra D’us, porque distorceu Suas palavras. Temos aqui a violação da blasfêmia.

2. Aprendemos sobre não adorar ídolos em Bereshit (GÊNESIS). 3:5
כי ידע אלהים כי ביום אכלכם ממנו ונפקחו עיניכם והייתם כאלהים ידעי טוב ורע
Disse a Nahásh (serpente) à mulher: Certamente não morrereis. Porque Elokim sabe que no dia em que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como Elokim, conhecendo o bem e o mal.
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Aqui é desenvolvida a continuação idéia anterior, prosseguindo na demonstração das divagações do “instinto humano” exemplificado pela figura da “Nahásh”. Ao surgir na mente humana falsa “promessa” de que ao violar o Mandamento de D’us, eles seriam “como Elokim” (ou seja, seriam seres com o poder de fazer bem ou mal) o ser humano se vê seduzido à “idolatria” ou seja, a devotar-se a outro ser (no caso a si mesmo) que não o Próprio D’us. Temos aqui a primeira ação de Avodá Zará, isto é, de idolatria"


.‎3. Aprendemos sobre não roubar em Bereshit.(GÊNESIS) 3:6
ותרא האשׁה כי טוב העץ למאכל וכי תאוה־הוא לעינים ונחמד העץ להשׂכיל ותקח מפריו ותאכל ותתן גם־לאישׁה עמה ויאכל
Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olho
s, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e ele também comeu.
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Veja que ao tomarem “do que não lhes foi permitido”, eles literalmente “roubaram” ao ETERNO. É por isso que o Bereshit nos conta que o ETERNO “plantou” um jardim no Éden. Para mostrar Seu direito a propriedade no local, e a necessidade de “autorização D’Ele” para a ingestão que quaisquer de seus produtos. Assim, sendo considerados “culpados”, fica estabelecido aqui que a violação do direito de posse é crime perante a Lei Divina.
4. Aprendemos sobre não matar em Bereshit9GÊNSEIS). 4:8-10
ויאמר קין אל־הבל אחיו ויהי בהיותם בשׂדה ויקם קין אל־הבל אחיו ויהרגהו׃
ויאמר יהוה אל־קין אי הבל אחיך ויאמר לא ידעתי השׁמר אחי אנכי׃
ויאמר מה עשׂית קול דמי אחיך צעקים אלי מן־האדמה׃


Falou Caim com o seu irmão Abel. E, estando eles no campo, Caim se levantou contra o seu irmão Abel, e o matou. Perguntou, pois, o ETERNO a Caim: Onde está Abel, teu irmão? Respondeu ele: Não sei; sou eu o guarda do meu irmão? E disse o ETERNO: Que fizeste? A voz do sangue de teu irmão está clamando a mim desde a terra.
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Qual a utilidade para nós, do registro sobre o crime de Cain? Para que alguém não diga: Na época de Cain não havia Lei nenhuma e portanto ao assassinar seu irmão ele ainda não tinha consciência de que cometeu um crime. Muito em contrário a isso, o próprio registro de tal acontecimento procura nos mostrar que “havia sim Lei” e foi por intermédio desta Lei, a Lei do Pacto Universal, que D’us julgou a Cain e o sentenciou com a maldição que lhe sobreveio. Logo, apesar de ser o primeiro homem a cometer assassinato, e fez isso, sabendo de tal possibilidade, pois recebeu o conhecimento sobre tal proibição de seu pai.


‎5. Aprendemos sobre não cometer imoralidade sexual em Bereshit (GÊNESIS). 6:1-4
ויהי כי־החל האדם לרב על־פני האדמה ובנות ילדו להם׃
ויראו בני־האלהים את־בנות האדם כי טבת הנה ויקחו להם נשׁים מכל אשׁר בחרו׃
ויאמר יהוה לא־ידון רוחי באדם לעלם בשׁגם הוא בשׂר והיו ימיו מאה ועשׂרים שׁנה׃
הנפלים היו בארץ בימים ההם וגם אחרי־כן אשׁר יבאו בני האלהים אל־בנות האדם וילדו להם המה הגברים אשׁר מעולם אנשׁי השׁם׃
Sucedeu que, quando os homens começaram a multiplicar-se sobre a terra, e lhes nasceram filhas, viram os filhos dos poderosos que as filhas dos homens [simples] eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram. Então disse o ETERNO: O meu Rúah (que liga a Neshamá à Néfesh) não permanecerá para sempre no homem (para que ele possa morrer), porquanto ele é carne (mais inclinado à carne), mas os seus dias serão cento e vinte anos (no máximo). Naqueles dias estavam os nefilins na terra, e também depois, quando os filhos dos poderosos conheceram as filhas dos homens [simples], as quais lhes deram filhos. Esses nefilins eram os valentes, os homens de renome, que houveram na antigüidade.
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Aqui fica estabelecido, que os homens poderosos da época, violentavam as mulheres que desejavam. Esta conduta, também é contrário aos Mandamentos Universais, e foi exatamente por isso que foi registrada. A corrupção moral, desta conduta, abriu caminho para todas as demais perversões sexuais pelas quais o homem é culpado, por esta mesma proibição. Especialmente neste caso, D’us reagiu até antes do Julgamento do dilúvio, e removeu do homem seu “רוח” - “rúah” (Literalmente, vento) que é o “título antropomórfico” da substância espiritual que proporcionava excepcional longevidade aos homens pré-diluvianos. E seus dias de vida, de até 900 anos, foi reduzido a menos de 120. E para demonstrar a veracidade da sua sentença sobre a imoralidade sexual, 120 anos depois, veio o dilúvio e levou a todos. Os que nasceram depois desta época, perderam a característica de longevidade dos antigos.

6 Aprendemos sobre o dever de estabelecer tribunal de justiça em Bereshit. 6:5-8 e Bereshit 9:5,6:
וירא יהוה כי רבה רעת האדם בארץ וכל־יצר מחשׁבת לבו רק רע כל־היום׃
וינחם יהוה כי־עשׂה את־האדם בארץ ויתעצב אל־לבו׃
ויאמר יהוה אמחה את־האדם אשׁר־בראתי מעל פני האדמה מאדם עד־בהמה עד־רמשׂ ועד־עוף השׁמים כי נחמתי כי עשׂיתם ונח מצא חן בעיני יהוה
Viu o ETERNO que era grande a maldade do homem na terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era má continuamente. Então arrependeu-se [por assim dizer] o ETERNO de haver feito o homem na terra, e isso lhe pesou (metaforicamente) no coração E disse o ETERNO: Destruirei da face da terra o homem que criei, tanto o homem como o animal, os répteis e as aves do céu; porque me arrependo [por assim dizer] de os haver feito. Noah, porém, achou graça aos olhos do ETERNO.

ה וְאַךְ אֶת-דִּמְכֶם לְנַפְשֹׁתֵיכֶם אֶדְרֹשׁ, מִיַּד כָּל-חַיָּה אֶדְרְשֶׁנּוּ; וּמִיַּד הָאָדָם, מִיַּד אִישׁ אָחִיו--אֶדְרֹשׁ, אֶת-נֶפֶשׁ הָאָדָם. ו שֹׁפֵךְ דַּם הָאָדָם, בָּאָדָם דָּמוֹ יִשָּׁפֵךְ: כִּי בְּצֶלֶם אֱלֹהִים, עָשָׂה אֶת-הָאָדָם. ז וְאַתֶּם, פְּרוּ וּרְבוּ; שִׁרְצוּ בָאָרֶץ, וּרְבוּ-בָהּ. {ס}
E por certo o sangue de vossas Néfesh (vida biológica) requererei; da mão de todo animal a requererei; e da mão do homem; da mão do homem que é como seu irmão, requererei a Néfesh do homem. Aquele que derramar o sangue do homem,pelo homem terá seu sangue derramado, pois à imagem de D’us fez o homem.
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Aqui, ficam estabelecido o “princípio do julgamento” segundo o qual, temos o dever de fazer parar a maldade sobre a terra, quando esta se mostrar insistentemente presente. D’us, julga as ações humanas, para que este aprende em sua jornada o caminho da justiça e os danos que usar sua liberdade para violar os Mandamentos pelos quais foi criado. Após “Seu” julgamento, D’us re-estabeleceu sobre Noah, e todos os seus descendentes, o dever de julgar as ações, e punir os criminosos. Uma nação que não tenha um “tribunal” não pode, portanto, ser habitada por um membro do Pacto Universal, isto é, por qualquer pessoa que tema à D’us.






‎7 Aprendemos sobre o dever de não ingerir carne de um animal vivo em Bereshit.(GÊNESIS) 9:3-4
כל־רמשׂ אשׁר הוא־חי לכם יהיה לאכלה כירק עשׂב נתתי לכם את־כל׃
אך־בשׂר בנפשׁו דמו לא תאכלו
Tudo quanto se move e vive vos servirá de mantimento, bem como a
erva verde; tudo vos tenho dado. A carne, porém, com sua vida seu sangue, não comereis.

Carne com “sua vida” é a carne que apresenta “sinais vitais”. Isso acontece mesmo após o animal ser abatido, bastando que a carne esteja ainda crua. Em muitas “churrascarias” modernas, carnes são servidas “mal-passadas”, isto é, apresentando “sinais vitais”. Esta carne é proibida para o consumo humano segundo as Escrituras.



 
deve ser porque não tem mais briga.




       
   Obrigada ao moreh Alberto Bentizion por ter nos  auxiliado nesta explicação.

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