domingo, 5 de junho de 2016


 A RELIGIÃO, E A IDEOLOGIA DO MEDO




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                                    A FILOSOFIA, A RELIGIÃO, E A IDEOLOGIA DO MEDO

         Portanto xingue, grite, chore, ria, fale alto, baixo, odeie, dance, sinta, VIVA! Enquanto você não aprender que nada disso o levará a algum inferno transcendente, apenas, talvez, a um inferno de sua alma enquanto humano. (Sandra Sucupira)

       Vivemos numa sociedade onde assimilou-se muito da cultura da 'pieguice", da "santidade", da religião; onde as reações humanas deveriam ter como exemplo de conduta os 'santos" do Cristianismo, que pregavam que "reações humanas", ou qualquer atitude humana que não se enquadrassem às ideologias eclesiásticas seriam reações pecaminosas que os conduziriam ao "inferno": "não pegue nisso, não diga aquilo; não manuseiem isso, não manuseiem aquilo; não reaja, não fale, não ouça, NÃO PENSE"! Ou então criaturas que se abstinham de qualquer reação humana ou aprendizado favorecido pelos instintos e sensações humanas viveriam uma vida em busca da "perfeição do espírito", reduzindo a condição humana ao patamar de 'pecaminosidade', ou de "coisa do diabo' rejeitada pelo ser Divino, apenas por ser corpo, carne. Teriam pois que "matar" seus instintos, como diz: ...."crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências" Gálatas 5:24
        A grande questão é que, mesmo com toda a evolução e libertação do homem das ideologias religiosas, favorecida pelos conhecimentos científicos modernos e contemporâneos, essas ideologias ainda estão impregnadas na mente da maioria das pessoas, a ideia de que ser "humano", na sua mais exímia definição é ser algum tipo de 'santo" ao estilo "São Paulo" quando diz: "Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna". Gálatas 6:8, e por ai vão as ideologias religiosas tentando moldar o comportamento do homem aprisionando o seu devir humano via  correntes do MEDO, sem enfim ter a ciência de que o ato de filosofar, dialetizar o humano o liberta dessa prisão. 
       Na história, Platão foi a origem da maioria dos escritos de Paulo, sendo que, em Platão, a diferença era que a LIBERDADE de pensar não conduziria ninguém a algum tipo de "inferno", e nem era conduzido a algum tipo de julgamento e condenação da sua liberdade de escolha de ser um "fornicador, impuro, lascivo, feiticeiro, inimigo de alguém, um iracundo, herege, invejoso, beberrão, glutão ou coisas parecidas", e sim que Platão nos faz pensar a qual caminho conduziria tais atitudes, se ao bem humano ou ao mal humano; se no caminho do ético, ou não ético; e a força que conduziria o homem a essa consciência não seria o MEDO de algum inferno transcendente, e sim a razão humana, uma auto-consciência do que se é: HUMANO, um humano que exercita sua capacidade de sê-lo.
        Se certas condutas humanas durante o seu exercício, para alguns é 'feio' ou "bonito', isso nada mais é que concepções axiológicas ou estéticas; e isso jamais pode servir de prisão ou INFERNO para a vida de alguém que usa a sua liberdade de ser HUMANO, e seu direito de ser o que é; um construtor de sua identidade.
       Portanto xingue, grite, chore, ria, fale alto, baixo, ame, odeie, dance, sinta... VIVA! Enquanto vc não aprender que nada disso o levará a algum inferno transcendente, apenas ao inferno de sua alma enquanto humano. (Sandra Sucupira)




Filósofa. Profª Sandra Sucupira.