sexta-feira, 16 de março de 2018

O lamento de um aprendiz do tempo




O lamento de um aprendiz do tempo



Tempo, eu quero falar contigo!

Talvez não entendas as minhas palavras...

Mas tenha paciência comigo

E calmo , sendo tu oh Tempo,

Ouça o que eu digo:

Tudo tem um limite!
Mas tu, não?
Se eu fosse a ti com palavras 
E se tu rejeitasse a minha ação 
Pediria que ouvisse, 
Pelo menos
minha argumentação.

Vou me esforçar para que me entendas.
Ouça-me com atenção!
Disseste-me tu para que eu compreenda teu lento agir
Que eu tenho que pensar 
E tua lição extrair.

Eu pensei, tempo... 
Eu repensei; 
Não somente uma vez, 
Mas duas ou três.

Eu só queria que tu entendesse 
Que eu não tenho o mesmo tempo que tu,
Que eu não vejo igual a tu...
Que eu não ajo igual a tu...
Que eu não sou tu, Tempo...
Eu sinto, e tu, não.

O que fizeste comigo todo esse tempo, tempo sem norte ou sul?
Tempo sem sentimento, 
Tempo  emoção,
Tempo sem direção.

Porque oh Tempo, 
Que com o tempo 
Arrancas um coração?

Tempo sem noção,
Estou à revelia de ti!
Sou totalmente contra  tua “ação”, 
Sejas tu a favor de mim ou não.
Que te importas?
Não me perguntastes o que eu quero ou não!
Adianta o que eu penso?
Adianta eu ter, ou não, razão?
De que adianta eu dizer que dói 
Quando sem dó  me arrancas o coração?

Tempo... que esfria
Tempo... que faz esquecer
Tempo... que faz parar de doer
Tempo... que faz parar de viver...
Tens algo melhor para fazer, não?

Tu invades, não pede permissão
Tu ensinas a ver, 
A agir, 
A ser...
E o tempo se vai nessa lição?
É só isso então?

Tudo isso é canseira... 
Lamento... 
Dor... 
Enfado...
Tudo é só pra ser aprendizado
E a alegria é só embalada em saudades de lamentosos fados?
Que recompensa me destes para esse tão frio aprendizado?

Devo ver o teu tempo assim limitado e calado?
Jure para mim, Tempo, que esse teu tempo será recompensado!
Jure!

Quinta-feira, 26 de janeiro de 2012