segunda-feira, 11 de junho de 2012

"DELÍRIO FEMININO"



                                 

                                       DELÍRIO FEMININO

     É meio platônico olharmos para este mundo e sentir que ele não tem ouvidos, não tem coração e nem visão... talvez  mentes voltadas para o seu próprio íntimo criando corações que sentem apenas o seu eu humano, talvez... Quando olho para trás e vejo todo sofrimento humano eu me aquieto e encolho o coração de uma forma que eu me conformo com todas as coisas que ainda possa  acontecer...nada... ou tudo...,  e quando olho para as pessoas que fazem os outros sofrerem nesta vida, sem ver o que realmente estão fazendo eu não consigo sentir nada por elas, sinto pelos que sofrem, pois vejo que deixam  marcas e elas nos  transformam naquilo que somos hoje, ... ou não. E o que mais poderia fazer alguém sofrer se não olhar para as marcas da vida de alguém e dizer que as marcas  não são nada?.... Não, eu não acredito neste mundo que vejo; eu apenas o ouço  e o  respeito com boa mente e com a decisão de quem já sofreu tanto nele e aprendeu que, ser pessoa   é ser inconstância, e digo:  a inconstância não merece confiança.
    Minhas companhias são minhas emoções e sentimentos,  todos eles; eles me  fazem sentir o meu "eu sozinho", amigo de mim mesma: amor, ódio, alegria, nojo, indignação, alegria, desilusão, otimismo...paciência; eles sim são verdadeiros, pois eles são o que sobra depois de tudo.
       Eu gostaria de não precisar dizer nada, de não falar nada e que eu fosse entendida sem precisar dizer alguma coisa, nenhuma só palavra, mas isso não existe,  e estou tão cansada de me esforçar em dizer alguma coisa; talvez o tempo sim me sirva de palavras, talvez ele diga algo por mim, ele é o que tem de mais verdadeiro nisso tudo, o tempo é quem fala, mostra...."o tempo"...;  mas com ele vem o fim de todas as coisas, ele nos leva ao fim de tudo, pois somos tempo, e quem sabe com ele venha a oportunidade de ainda sermos felizes nele, em algum tempo, ou hoje, ou amanhã... ou nunca! Talvez.
     Não acredito tanto assim no que vejo. Se alguém me mostrasse esse mundo que vejo como algo constante, confiável, talvez eu voltasse atrás, talvez eu dissesse que eu estou errada, só sei que  nele estão  todos  nós em busca sempre de alguma coisa, estão sempre mudando, sempre em busca de algo que ainda querem conquistar e que por isso podem mudar a qualquer tempo e a qualquer instante,  e não é bom nos agarrarmos a coisas inconstantes,   corremos sempre  o risco de ficarmos no meio do caminho,  pois a inconstância nos tirou do foco onde por força do coração colocamos o nosso melhor e dedicamos o que melhor tínhamos...ou temos, ou pensamos que temos...sei lá!
    Descobri que a solidão é algo bom, ela não muda nunca, ela está sempre ali com a gente, ela não nos trás novidades, ela não nos magoa, ela não nos faz sofrer, ela está sempre quieta, ela está sempre pronta a nos entender, a ouvir nosso coração, a ouvir ainda as palavras que existem no silêncio de nossa mente, e ai nos tornamos platônicos, intensamente egoistas!.... 
    Posso ser livre na solidão, neste caminho calmo que não me trás nada de mais,  não me abandona no meio do caminho ele está sempre comigo. Escrevo isso agora em um dos raros momentos de palavras que me restam, palavras vindas de uma alma que já viu muito do que não queria ver e que acreditava, já viu muitas coisas que fazem uma pessoa sofrer, e eu não quero mais ver,  quero ver agora  apenas aquilo que a própria arte de viver  a vida trás, e eu só aceito esta visão que me vem de forma natural não imposto pela inconstância humana e sim apenas pela arte de se manter vivo e viver naturalmente. 
  O tempo é engraçado, não é? Faz-nos ficarmos bobos e falamos bobagens, escrevemos palavras não muito justas de serem escritas, mas, quem comete algum crime na solidão dos pensamentos? O único crime que cometemos na solidão é o próprio crime de estarmos egoísticamente sós, pois na mente somos lívres, e não devemos colocar em arguilhões nossa propria liberdade. E quem neste mundo é maduro o suficiente para reprovar estas  palavras, ou alcançou a perfeição humana e descobriu os segredos da vida? Ninguém! 
   Hoje queria que o tempo parasse um pouco... parasse  para eu dançar uma música com alguém.... alguém que não me falasse nenhuma palavra e dialogasse com meu silêncio, seria o maior presente que a vida pudesse dar a alguém que está só e em silêncio, pois NADA, ultrapassaria seu significado num momento de ser ouvida [...] 
     Por alguns instantes eu parei de escrever, agora, ouvindo uma música, e fiquei imaginando a dança... e  vejo, em minha mente lívre, ....alguém que não tem  rosto, e ele dança comigo esta música,  eu em  um lindo vestido brilhante todo cheio de pedrinhas brilhantes, um vestido lindo como se eu tivesse numa linda festa de debutantes e eu debutasse a vida, sozinha nesta festa com este alguém sem rosto... alguém sem rosto, que não me fala nada, e só dança comigo como se ainda restasse a magia de viver... Acho que esta é a imagem de minha alma... assim quero terminar de escrever..."dançando com a minha alma"..... eu, comigo mesma...