domingo, 28 de maio de 2017

MURALHAS EXISTENCIAIS E OS RELACIONAMENTOS



         

                          MURALHAS EXISTENCIAIS E OS RELACIONAMENTOS

         Um dia vi uma interpretação interessante sobre a queda da "muralha de Jericó”,  aquela história bíblica  de Josué e seus guerreiros na conquista da terra de Canaã, e até conquistá-la eles tiveram  que destruir várias cidades, e dentre elas,  Jericó, uma cidade fortemente cercada por uma muralha  e muito bem feita onde sua espessura  era de 4 metros e  tinha 10 metros de altura.    
           Era uma noite, e eu estava vendo uma novela que não lembro qual o nome, mas lembro da cena, eu era pequenina ainda, e meu divertimento era ficar no colo da minha mãe enquanto ela via novela, e nesse dia a  cena da novela era a  de um casal que estava brigado,  e tanto o homem como a mulher  não queriam mais dormir  abraçadinhos na cama e por isso  colocaram a “muralha de Jericó” no meio da cama dividindo-a ao meio, ele de um lado, ela do outro e assim foi por dias e dias os dois afirmando que “ as muralhas de Jericó os afastavam. Eu estava atenta a esse fato que me chamou atenção,  e me perguntei pq eles estavam brigando na cama, divididos na cama se eles estavam ali pertinho um do outro e o desejo deles era ter um ao outro?  Os dias se passaram e o casal certa noite cansou de brigar e fizeram as pazes após grande conflito no quarto e resolveram  destruir a “muralha de Jericó” que os dividiam. Fora do quarto se “ouvia” os gritos de  felicidade  do casal e o povo da casa que acompanhava a briga do casal,  de longe  gritaram de alegria dizendo  “ as muralhas de Jericó vieram  abaixo!” e fizeram a festa.  Eu me despertei para essa frase “as muralhas de Jericó vieram  abaixo”,  como assim?  Eu já tinha ouvido a história de Josué na Bíblia e sabia como ela tinha acontecido, mas o que tinha isso a ver com a briga de um casal? O tempo passou e eu a cada dia buscava entender o ocorrido: Jericó era uma cidade rica e dentro das muralhas tinha muitos tesouros, e todos que moravam lá eram inimigos de Josué, eram o “impedimento” para alcançar a tão sonhada promessa de entrar numa cidade onde  “manava leite e mel”, e portanto Jericó tinha que ser destruída.  E Josué a destruiu, derrubou as muralhas, não com luta, mas com o canto, com sons, com reflexão, com paciência e espera: a espera perfeita, 7 dias, todos os dias ele  rodeava a cidade  e no último dia  Deus destruiu as muralhas.  Daí parei pra pensar: quantas  “muralhas de Jericó”  nos escondem de quem quer nos conquistar? Mas somos fortes o suficiente para destruir nossas próprias muralhas? Somos guerreiros o suficiente para poder nos libertar e assim deixar-nos libertar até que cheguemos até a “terra prometida”?
          Bem,  continuando a interpretação, o que faz um homem ou uma mulher  pra que e tenham  a   felicidade alcançada ao lado de quem ama ao longo de sua vida? Quantas muralhas  terão que derrubar,  conquistar? Seria uma conquista  se ele ou ela não tivessem  toda essa paciência, espera, canto e tentativa de aproximação todos os dias como  fez Josué diante da muralha diante do tempo perfeito? Jericó foi conquistada por Josué quando ele fez as muralhas caírem, após isso ele pode destruir seus inimigos e assim continuar sua missão  de chegar a  terra prometida  
        Muitos de nós desejamos logo conquistar os tesouros, destruir os inimigos de nossa felicidade, porém as muralhas existem exatamente para aprendermos a valorizar os tesouros que queremos conquistar, nenhuma conquista tem valor se não for trabalhada e lutada como quem luta pela própria vida. Muitas pessoas tem “muralhas existenciais” e isso não é nenhum defeito humano, elas existem para a proteção do que está  do lado de dentro da muralha. Quem for forte o suficiente, sábio o suficiente, paciente o suficiente e souber encantar com seus sons certamente conquistará e fará as muralhas do relacionamento caírem e assim prosseguirem juntos até a felicidade, se assim realmente desejarem.
       Cada pessoa é única, cada muralha é única, cada luta singular; e cada guerreiro terá que ser um sábio, um filósofo se quiser conquistar a "felicidade.


Texto de Sandra Sucupira
Filósofa, professora e escritora.

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