sexta-feira, 28 de março de 2014

A LÓGICA DO AMOR

                 




                                     A lógica do amor:
                       VOCÊ JÁ DISSE "EU NÃO TE AMO"?


          O que nos leva dizer “eu te amo”, ou, eu “não te amo” para alguém? O que nos faz ser ousados em afirmar tais palavras com certeza do que pensamos sentir, ou não sentir pelo outro?
       Hoje na aula de lógica com meus alunos coloquei em prática a filosofia no uso da lógica filosofando o amar e o não amar. Existe um "princípio de identidade" em todas as coisas, define-se como princípio de identidade "um enunciado que é verdadeiro por si", “se um enunciado é verdadeiro, então é verdadeiro” (Graça Aranha, Filosofando , 2009) e que existe como certeza nas coisas. Perguntei então aos meus alunos, qual seria o Princípio de Identidade do amor. Os alunos se entreolharam, e alguns ousaram balbuciar algumas respostas tais como o “gostar’ e o “sentir”, porém sem muita certeza do que diziam. Então dentre as alunas surge uma afirmação dita de uma forma dura e soando quase como um lamento:
          - Mas, professora Sandra Sucupira, não conseguimos definir o amor! Ele não tem definição!
          Dirigi-me à aluna e disse:
        -Muito bem, querida aluna, realmente não conseguimos elaborar um conceito definitivo para a questão “amor” – e prossegui - então não seria a “indefinição” um Princípio de Identidade daquilo que chamamos "amor"? Seria o amor, portanto, indefinível?
       Os alunos discutiram entre si.   E prossegui:
        -Se tal afirmação de que o amor seria algo indefinível lhes pareceria verdadeiro, ou não - pois reconheciam que o amor poderia ser tantas coisas e possibilidades que poderia ser, e não ser ao mesmo tempo - o amor poderia existir, ou ainda nem existir;  e descobrir, o que até então  existia, ou não,  com o cotidiano se descobriria, ou não.
       Continuando o filosofar, indaguei às alunas:
        -Se o amor tem como Princípio de Identidade "ser indefinido”, por que algumas pessoas costumam dizer que amam, ou não amam alguém? Por que afirmar um “eu te amo”, ou “eu não te amo” se o amor é algo indefinível? Como podemos ter certeza na assertiva de que amamos, ou não amamos se não temos a certeza se o que dizemos é falso ou verdadeiro, segundo o Principio de Identidade do amor?
        Há pessoas que podem fechar ou abrir um mundo de possibilidades, de experiências, descobertas e vivências quando influenciadas por uma presença ou ausência de emoções, às quais, por elas, definem estar ou não amando. Pois a maioria define o amor de forma emocional e concluem, sem nenhuma prévia análise, se realmente estão amando, ou não,  alguém.
      Algumas pessoas por fecharem as possibilidades da descoberta do amor, por falta de uma emoção ou sentimento, afirmam “não amar” quem lhe veio como uma possibilidade para trilharem este caminho do amor, do indefinido.
      Dizer “eu não te amo”, por falta da emoção é uma decisão de fechar caminhos para vivencias que lhes surgiria como aprendizagem de um mundo desconhecido, e que só poderia ser conhecido a dois. Descobertas, quer sejam de coisas boas ou ruins, porém, direcionadas essas experiências para um fim, que é um "Bem Supremo" na vida dos dois, e que só poderá ser experimentados e vividos a dois .
      Afirmar “eu não te amo”, por concluir que o “não existe" o amor entre duas pessoas envolvidas em uma relação, sem que elas tenham vivenciado experiências deste caminho do amor é, no tocante, a ausência de vivências e experiência de vida, uma conseqüência da falta do conhecimento, e da sensibilidade daquilo que pode se perceber e aprender no mundo da relação amorosa que humaniza a cada um como um aprendizado, tendo sempre o outro como um companheiro do caminho existencial que o orienta, enquanto inserido na relação neste caminho do indefinido a qual chama-se: amor.
     Algumas pessoas idealizam modelos de satisfação pessoal para experimentarem aquilo que definem como amor, daquilo que desejam, pensam e anseiam em relação ao outro que lhes podem trazer uma satisfação pessoal e imaginária, daquilo que supõem trazer à experiência no caminho do indefinível, do amor. Outras pessoas focam seus pensamentos e desejos de vivenciar o amor através de algo que, na verdade são idealizações imaginações imbuídas nos desejos, e não por uma vivência consciente de andar em um caminho incerto, onde nada pode-se esperar dele como certeza, e sim construir algo antes não conhecido sem saber o que esperar dele, pois se o amor não se define, por ter o amor como principio de identidade a indefinição, então somos nós que elaboramos tal definição como uma descoberta diária, como exercício do que já vivenciamos, com decisões e experiências práticas.
     Nesse caminho do amor, uma pessoa não define que ama ou não, ela descobre que está amando, ela de repente se descobre amando. Entendemos que o homem seja também um ser indefinível em sua identidade, pois ele é um ser que se descobre humano a cada vivencia, tanto no amor, como na arte de vivenciar suas experiências humanas.
     Em algumas culturas orientais onde entendem que o amor surge como um exercício de um caminho onde duas pessoas decidem trilharem juntas, o amor é descoberto a cada momento num devir humano de vontades e desejos compartilhados em comum, com responsabilidades, compromissos, respeito e dedicação; não com emoções, pois as tais são como o vento, vem e vão e nada se pode construir sobre aquilo que não é sólido e não é racional, e sim que, vão construindo experiências nesta prática diária diante deste Principio de identidade que percebe-se “indefinido”, a qual costuma-se denominá-lo de amor. Nestas culturas, diante do desejo de conhecer o amor, descobri-lo, ou, experimentá-lo, não se leva em conta os desejos, emoções que a maioria dos povos ocidentais usam para identificarem se estão vivenciando o amor ou não, e sim que, eles estão atentos ao que esse “indefinido”, como Princípio de Identidade que é o amor lhes propicia como uma viagem ao mundo do desconhecido que lhes surge algo novo a cada instante, com experiências cada dia mais elevadas, os revelem as doçuras da alma humana, os mistérios da vida, do ser humano, do perdão, da elevação do espírito, da consciência humana, do conhecimento, da sabedoria e do conhecer-se a si mesmo através do outro transformando-se a cada dia numa magia ora não conhecida. É costume da educação oriental ensinar que, o amor é uma prática, um cuidado, um respeito para com o outro; e que por isso casam-se para depois construir o amor, juntos, um com o outro, e assim construir o indefinível, o amor, construindo um ao outro no amor, transformarem-se em humanos pelo amor, um ao outro. Assim vivenciarem o indefinível.
     A questão é que muitos de nós estamos tão voltados para nós mesmos que, esquecemos de ver o outro que constrói conosco o caminho incerto por onde se percebe  o amor,  deixando-nos uma lição de vida. Pois ao dizermos eu “te amo” para alguém, supõe que já descobrimos o que é o amor, e isso é de pouca possibilidade. E se dissermos eu “não te amo”, já encerramos e colocamos limites nas infinitas possibilidades que a vida nos oferece.
    Devemos concluir o amor com um “eu te amo”, ou um “ eu não te amo”?. Ou não seria melhor dizer: eu estou te amando, ou fechar a porta da possibilidade de conhecer o amor com alguém que supomos não querer e por isso dizer: “eu não te amo”?
    Diante deste principio de identidade a respeito do amor como sendo algo indefinível, seria certo limitar, então, com um “eu não te amo” as possibilidades do amar, com uma conclusão sem uma análise prévia diante das infinitas possibilidades de se conhecer o amor? Não seríamos nós ainda tão principiantes na arte do amar ao ponto de acharmos que o amor já existe ou não existe em nós como se já estivesse experimentado e vivenciado todas as possibilidades do amor, e que já atingimos a maturidade de identificar o “não amor”? Deixar de trilhar o caminho das descobertas do indefinido com alguém por acharmos que não termos emoções, ou sentimentos que julgamos serem eles as características de quem ama, um pensamento infantil nesta arte que, só quem vivencia estas descobertas são aqueles que, de forma madura e racional se descobre amando?. Ouvi certa frase que dizia: “os jovens namoram, os adultos amam”, e vejo grande verdade nessa afirmação. O amor se descobre o que antes não era descoberto, e a arte de descobrir está em qualquer parte, ou em um alguém que nos chega à existência para compartilhar conosco uma existência, e que não lhes fechamos as portas desta possibilidade. Nada, diante do indefinível é definido. Nem tudo que pensamos ser, é; e nem tudo que achávamos que não seria pode tornar a ser; e só terá esta experiência quem não fechar as portas da vida, para quem com tanta facilidade diz: Eu não te amo




Filósofa e  Profª: Sandra Sucupira

2 comentários:

  1. Querida... quero ler tuas postagens. Mas com fundo preto não dá... É muito ruim.
    E se quiser dar uma olhada nos meus dois blogs:
    www.andreroldao.com e www.acamasurta.com
    abs

    ResponderExcluir